No momento em que Sarney chegou á Presidência, a economia havia voltado a crescer, depois da recessão de 1981-1983. Mas alguns números eram preocupantes. A dívida externa havia chegado á casa dos 100 bilhóes de dólares e para pagar seus encargos o país precisava despender cerca de 5% do PIB. O que assustava, porém era o crescimento da inflação. De um índice anual de 99,7%, em 1981, havia saltado para 400% no início de 1986.
Na tentativa de resolver os problemas, o governo lançou mão de um amplo pacote de medidas, conhecido como Plano Cruzado, que previa o congelamento de preços, a substituição do cruzeiro por uma nova moeda, o cruzado, com três zeros a menos, o reajuste do salário mínimo pelo valor médio dos últimos seis meses, mais abono de 8%, e a adoção do gatilho salarial, ou seja, reajuste automático dos salários quando a inflação acumulasse um índice de 20%.
A aceitação do plano foi imediata. Muitos cidadões, atendendo a um apelo do presidente, se tornando ficais dos preços, denunciando os comerciantes que violavam o congelamento. A inflação caiu para índices que fazia muito não se via: 3,4% ao mês, em média.
Passado os primeiros meses de euforia, os pontos fracos do plano vieram á tona. O mais sério foi o desabastecimento, que fez as mercadorias sumiram das prateleiras dos supermercados, dos açougues e das padarias. Como consequência, o brasileiro começou a conviver com o ágio, taxa acrescentada "por fora" ao preço dos produtos.
Em 1986, o governo lançou o Plano Cruzado II para tentar corregir os problemas da gestão anterior, mas não conseguiu evitar o agravamento da crise. Em janeiro de 1987, o presidente Sarney foi obrigado a decretar unilateralmente a moratória, deixando de pagar os juros da dívida externa. A medida durou alguns meses.
Enquanto isso, a inflação continuou sudindo. Até o fim de seu governo, Sarney trocaria várias vezes de equipe econômica e lançaria diversos planos, sempre tendo o congelamento de preços como uma das suas bandeiras. Sem surtir efeito, a inflação chegaria a 85% ao mês, em março de 1990, o último, o último do governo Sarney.
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