quinta-feira, 27 de junho de 2013

REVOLTA DOS VINTÉM

  Para termos idéia do espírito popular no final do século XIX, basta lembrar da revolta do Vintém, na capital do império. O governo, com tantas autoridades superiores acostumadas a passear nos próprios tílbures ( carruagens ), não viu problemas algum em cobrar um novo imposto dos passageiros de bonde, já no final de 1879. A população carioca pobre foi para a rua protestar. Milhares de pessoas se reuniram para ouvir os discursos inflamados do republicano radical Lopes Trovão. rumaram para o palácio do imperador e exigiram ser ouvidos. A polícia não ficou a pé: veio rápida, a cavalo, descendo o cacete. A massa, então, se defendeu, arrancando trilhos, derrubando veículos e fazendo barricadas ( montes de entulhos, caixas, pedaços de muro, móveis que bloqueiam a passagem das tropas pela rua ) . O Exército interveio: o problema do transporte era resolvido transportando os pobres para a prisão e o cemitério.

IMPERIALISMO NO BRASIL

 O Brasil não era uma área prioritária de investimentos imperialistas. Na época as colônias da Ásia e da África davam muito mais licros. No entanto, especialmente os ingleses investiram capital no Brasil. fatia predileta deles era o setor terciário ( serviços ) : instalavam empresas de gás, bondes, ferrovias, iluminação pública, telagráfos, companhias de navegação, seguros.    Os banqueiros de Londres também ganharam fortuna emprestando muito dinheiro para o governo brasileiro. Firmas ingleses lucraram à vontade comprando o café brasileiro e revendendo no mercado internacional. Já na década de 1840, quase metade da exportação brasileira de açúcar, metade da de café e mais da metade da de algodão estavam sendo exportadas por firma britânicas. aos poucos, o preço do café passou a ser ditado pelas bolsas de Londres, Chicago, Nova York . Ou seja, eles compravam e eles ditavam o quanto pagariam,
  Só no século XX os investimentos dos EUA superaram os inglesees aqui no Brasil. Com uma diferença importante: os norte-americanos preferiram investir no setor secundário ( indústrias )

O MODERNO E A REPÚBLICA

   Para os brasileiros instruídos, o progresso era equivalente à modernidade. E ela estava chegando. No Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente, abriam-se fábricas quase todos os meses. Poucas e pequenas, é verdade, mas o bastante para serem notadas.
    A partir de 1850, a tecnologia mais avançada era a locomotiva sobre os trilhos, máquina de aço que transportava milhares de sacas de café mais rápido do que as mulas. As províncias do Rio de Janeiro foram as primeiras a terem ferrovias que depois alcançaram o Nordeste e o Sul. Nas cidades maiores, o bonde elétrico substituía as carruagens. o telegráfo tinha se incorporado à vida diária e , a partir de 1880, as grandes cidades começaram a implantar o maravilhoso invento de bell: o telefone. Em 1889, a cidade de Juiz de Fora ( MG ) inaugurava a primeira usina hidrelétrica de porte do país: energia para as fazendas, para a iluminação pública, para as lojas e bondes, para a instalação de uma fábrica.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

CEARÁ ABOLICIONISTA

  A população nordestina era superior à do Sudeste, dái o maior número de deputados no parlamento. O nordeste votou a favor da lei abolicionista porque em 1871 já havia menos escravos na região ( vendidos para o sudeste ). Além disso, muitos deputados nordestinos eram funcionários públicos ( juízes e desembargadores ) e votavam com o governo, justamente quem havia proposto a lei.
  No Sudeste, votaram contra os representantes de cafeicultores do Vale do Paraíba e do Oeste paulista. Mesmo em cafezais cheios de imigrantes, também havia escravos em grande quantidades. esses fazendeiros, portanto, eram contra a abolição.
  No glorioso Ceará, desde 25 de março de 1884 não havia mais escravos.

ESCRAVOS NO BRASIL - ABASTECIMENTO INTERNO

  Mais da metade dos escravos estava em municípios dedicados à plantação de alimentos ( feijão, mandioca, milho, batata ) e criação de gado ( bois, porcos, galinhas ). Em 1884, esta proporção ainda era de 53%. É possível concluir que, no Brasil inteiro, o valor da produção para o abastecimento do mercado interno superava o valor do café exportado. Por isso mesmo, chegava a ocupar mais escravos do que a cafeicultura.
  Os cafeicultores eram poderosos porque a renda per capita deles eram maior do que a de qualquer grupo social. O abastecimento interno era produzido por milhares de pequenos fazendeiros, que tinham poucos escravos ( geralmente menos de 30 ). Eles vendiam barato para uma porção de comerciantes intermediários que levavam o produto até os consumidores. então, a riqueza gerada ficava dividida entre vários indivíduos. Já o café era produzido em latifúndios que pertencia a um número muito pequeno de proprietários, cada um deles com centenas de escravos. A renda se concentrava nas mãos dessa minoria, que por isso mesmo dominava o país.

A CONDIÇÃO FEMININA NO BRASIL COLONIAL

  Nos primeiros tempos coloniais, a maior parte dos africanos e portugueses que vinham para o Brasil eram homens. O tráfico negreiro trazia três vezes mais rapazes do que moças. Preocupado, o governo português chegou a deportar prostitutas e órfãs para o Brasil, para ver se arrumava casamento com os colonos. depois da independência, o crescimento natural da população ( devido aos novos nascimentos ) já era considerável. Portanto o número de mulheres livres brancas e mestiças foi-se igualando ao de homens da mesma condição.
  Entre os escravos, muitos chegavam a formar famílias. A lei do ventre Livre chegou a proibir a separação do casal cativo.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A IGREJA E O ABOLICIONISMO

  Infelizmente, a cúpula da igreja Católica demorou a aderir ao abolicionismo. Em 1865, por exemplo, os carmelitas pediram auxílio de tropas para sufocar revoltas de seus escravos no Paraná e no Pará.
  O próprio papa ( Leão XIII ) a pedido de Joaquim Nabuco, só se pronunciou contra a escravidão dois meses após a Lei áurea ...Exceções existiram. A ordem dos beneditinos, fundada pelo Santo Negro, ( São Benedito ) libertou todos os seus escravos em 1871.

ANDRÉ REBOUÇAS

  O liberalismo político, que estabeleceu o regime da "igualdade de oportunidades", teria sido tão incompatível assim com o escravismo brasileiro? uma "idéia fora do lugar"? Apesar da opressão, não faltaram oportunidades de ascensão social. Foi o que aconteceu com a família Rebouças, descendentes de negros e de portugueses. O Avô era pobre mas estudou por conta própria e se tornou rábula ( advogado prático, sem ter cursado faculdad
e). O pai se formou em direito e foi eleito deputado.
  O baiano André Rebouças ( 1838 - 1898 ) fez faculdade de engenharia e se aperfeiçoou na Inglaterra e na França. Participou do planejamento da Guerra do Paraguai e dirigiu obras fundamentais no Rio, salvador, Recife e São Luís. Foi pioneiro no Brasil no estudo da mecânica dos solos. Propôs distribuição de terras a ex-escravos e para imigrantes judeus no sul. Viajou pela África e ficou chocado com as ações dos países imperialistas.

OS MUCKER

  A região de São Leopoldo ( RS) recebeu os primeiros imigrantes alemães em 1824. Meio século depois, a comunidade começou a dissolver por causa das diferenças de riqueza e de rivalidade entre os antigos imigrantes e os recém-chegados. Este foi o ambiente em que cresceu o movimento religioso e social ligado aos camponeses. A liderança estava com o casal João Maurer e Jacobina Maurer. Ganharam fama como curandeiros populares ( receitavam ervas medicinais ) e Jacobina passou a ter visões religiosas. O cristianismo particular deles incomodava os padres e pastores vindos da Alemanha para cuidar do rebanho disperso. propunham criar uma nova comunidade da terra, onde não haveria dinheiro, nem comércio ou grandes proprietários. A própria comunidade imigrantes se dividiu e uma parte passou a chamar pejorativamente os seguidores dos Maurer de " Mucker ".
  O conflito na comunidade aumentou e descambou para a violência. Então, as autoridades provinciais foram convocadas. Uma centena de soldados encurralou os Mucker e matou os líderes. Os prisioneiros foram julgados e condenados.

terça-feira, 11 de junho de 2013

NACIONAIS E IMIGRANTES

  Nos cafezais do Oeste paulista, conviviam imigrantes, escravos e trabalhadores livres nacionais.
  A tarefa arriscada de enfrentar a floresta e derrubá-la era entregue aos trabalhadores livres nacionais ( geralmente, libertos ou filhos de escravos ). O serviço pesado de plantar os pés de café era dos escravos. Os imigrantes cuidavam de pés já crescidos. Como você percebe, a discriminação racial beneficiava as famílias de imigrantes europeus isso ajuda a explicar o fato de que a maioria dos brasileiros de hoje, descendentes de imigrantes europeus, têm padrão de vida melhor do que a média dos imigrantes ( forçados ) da África.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

NAVIO NEGREIRO

  Navio negreiro do Brasil descrito pelo inglês R. Walsh em 1829. Repare nos canhões. Além do tráfico, o navio poderia praticar a pirataria.
  Os escravos ficam amontoados, no espaço de apenas 90 cm de altura! Walsh narrou, indignado, que o navio pegou 562 escravos, sendo mais ou menos uma proporção de 3 para 2. Os compartimentos eram separados por sexo e estavam todos nus. Na metade da viagem já tinham morrido 55 negros.

ESTRANGEIROS NO TRÁFICO

  A maior parte do tráfico de escravos da África para o Brasil era realizada por nossos amáveis compatriotas. Os comerciantes ingleses, instalados no Rio de Janeiro, forneciam mercadorias de Londres para trocá-las na África: panos, ferramentas, pólvora. Era o caso da firma Carruthers, que levaria Mauá à fortuna. O governo inglês criou comissões para investigar tais ligações, mas tudo acabou devidamente abafado: british pizza.
  Desde que o parlamento inglês decretou o Palmerston Bill ( 1839 ) que os navios traficantes portugueses passaram a ser perseguidos. Os norte-americanos aproveitaram o vazio deixado pelos lusitanos para se envolver mais ainda no tráfico para o Brasil ( apesar das leis antitráfico dos EUA). Alguns navios brasileiros eram registrados como sendo norte-americanos. Não esqueçamos que os maiores compradores de café brasileiro eram os íanques e não mais os ingleses.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

MOVIMENTO OPERÁRIO NOS EUA

   No final do século XIX, a indústria norte-americana já era a maior do mundo. O país produzia um terço de todo todo aço do planeta! Entretanto, a vida dos operários continuava difícil. jornadas de trabalho de 50 horas semanais, trabalho infantil ausência de leis trabalhistas. Grandes empresas contratavam agências de detetives para vigiar os trabalhadores. Acampamentos de grevistas chegaram a ser incendiados com as pessoas dentro das barracas. No dia primeiro de maio de 1886, operários de Chicago organizaram mais uma passeata para exigir a jornada diária de oito horas. Veio a polícia e atirou, matando alguns operários. mas os tribunais culparam os sindicalistas, que foram condenados à morte.
  Para lembrar essa e outras injustiças contra o proletariado, o 1º de maio passou ser considerado o dia internacional de luta da classe trabalhadora.
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IMPERIALISMO NA AMÉRICA LATINA

  Até as primeiras décadas do século XX, o imperialismo britânico era predominante na América do Sul. O capital inglês estava investido principalmente no setor terciário da economia ( serviços ), ou seja, em ferrovias, companhias de bondes, bancos, empresas de iluminação pública e telégrafos.
  No mesmo período, os EUA concentravam seus interesses no México e na América Central, patrimônio de sei quintal imperialista. Ao contrário dos ingleses, os norte-americanos preferiam investir diretamente na produção. Por exemplo, em mineração no México e no Chile, em açúcar e tabaco em Cuba, em fruta e café nos países da América Central.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

HOMESTEAD ACT

   No século XIX, os EUA foram o pais que mais recebeu imigrantes do mundo. Vieram principalmente ingleses, irlandes, escoceses, italianos, russos, poloneses e alemães ( muitos eram judeus ).
  Em 1862 o presidente Lincoln baixou o Homestead Act, que estabeleceu que, se alguém cultivasse um pedaço de terra abandonado, passaria a ser o novo proprietário dela. Garantido pelo governo. Uma verdadeira reforma agrária! É claro que isso estimulou a instalação de muitos imigrantes. Compare com o Brasil: em 1850, o parlamento do império votou a Lei da Terra, que estabelecia que só poderia ser dono da terra quem a comprasse.

EUA - GUERRA CONTRA OS INGLESES

  As guerras napoleônicas também afetaram os EUA, que mantiveram o comércio com a França, apesar das proibições inglesas. Em 1812, a marinha inglesa bloqueou os portos norte-americanos, que reagiram tentando invadir o Canadá ( ainda colônia inglesa ). Foram rechaçados. Começou então a guerra entre a ex-colônia e a ex-metrópole. Os comandantes dos EUA logo perceberam que seu país não estavam preparado. Sofreram inúmeras derrotas.
  A paz veio em 1815, o ano da derrota definitiva de Napoleão na Europa, e que restaurou o equilíbrio. Esta guerra aqueceu os sentimentos nacionalistas norte-americano e condenou as nações indígenas do leste, acusadas de terem " traído os EUA ".