CANUDOS

    Um dos primeiros e mais importantes movimentos messiânicos a eclodir no Brasil foi o de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Coselheiro,  que mobilizou milhares de pessoas em Canudos, na Bahia. Nascido no Ceará, em 1830, Conselheiro teve formação religiosa, mas não chegou a se ordenar padre.

    Em 1893, Conselheiro teve o seu primeiro confronto com as autoridades, ao queimar editais de cobrança de impostos na cidade de Bom Conselho fugiu com seus seguidores para  uma fazenda abandonada em Canudos, onde fundou o Arraial de Belo Monte. Um ano depois, o vilarejo já abrigava cerca de 16 mil pessoas.

    Em  Canudos, os pobes do sertão encontravam solidariedade, conforto espiritual, abrigo e trabalho. Na comunidade, controlada por normas rígidas, eram proibidos a entrada de ladrões e prostitutas e o consumo de bebidas alcoólicas. Uma guarda armada mantinha a ordem e um administrador cuidava do patrimônio.   As atividades religiosas eram constantes e mobilizavam toda a população local.

    O arraial vivia da agricultura e da pecuária, principalmente da criação de ovelhas e cabras. O comércio de couro gerava os recursos necessários para abastecer a comunidade com compras feitas nos municípios vizinhos. Canudos, na verdade. criou uma alternativa de vida para vítimas das injustiças sociais. Na austera comunidade de Conselheiro, os moradores escapavam do mandonismo dos coronéis, da servidão das fazendas, da miséria sem amparo e do menosprezo da igreja.

    Para tentar debelar o movimento que não parava de crescer, em outubro de 1896, o governo da Bahia enviou a Canudos uma tropa de cem policiais, que foram derrotados com facilidade pelos moradors do arraial. Dois meses depois o governo federal organizou nova expedição com 550 soldados. Fustigada pela guerrilha dos seguidores de Conselheiro, a tropa foi obrigada a bater em retirada.

    A terceira expedição, formada por 1300 homens, sofreu derrota ainda mais humilhate, em março de 1897. Em junho, um exército de 5 mil soldados apoiado por dezessete canhões marchou em direção a Canudos. Nos meses seguintes, os combates com as forças do governo foram extremamente violentos e só tiveram fim em outubro de 1897, com a destruição completa do arraial e a morte de quase todos os seus habitantes, inclusive de Antônio Conselheiro.