Em 6 de março de 1817, eclodiu no Recife uma revolta de grandes proporções. Senhores de terra, padres, diversos militares de prestígio e comerciantes participavam do movimento, que se propagou rapidamente pela cidade e pôs em fuga o governador de Pernambuco. O rápido êxito da revolta decorreu de um conjunto de fatores, como a difusão das idéias iluministas, liberais e rebuplicanas entre as classes dominantes da região e a insatisfação popular com o aumento dos impostos estabelecido pelo governo para custear as invasões da Guiana Francesa e da banda oriental do Rio da Prata.
No dia 8 de março, os revolucionários formaram um governo provisório, republicano,integado por cinco membros- representando a agricultura, o comércio, o clero, a magistratura e os militares- e assessorado por um Conselho de Estado. Protamente, emissário do governo recém-criado foram em busca de apoio á sua causa em outras em províncias e em alguns países. Como Estados Unidos, Argentina e Inglaterra. Na Paraíba, formou-se um governo revolucionário que também se declarou independente de Portugal.
Enquanto isso, no Recife, os rebeldes adotavam uma Lei Orgânica, destinada a regulamentar os poderes da República de Pernambuco. Inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão da Revolução Francesa, a Lei Orgânica deveria vigorar até a convocação de uma Assembléia Constituinte, que desse ao novo país uma constituição definitiva. Até lá, ficavam estabelecidos como princípios básicos a forma republicana de governo e a liberdade de consciência, de opinião e de imprensa. O trabalho escravo, entretanto, foi mantido.
O movimento rebelde contou com o apoio incondicional da população do Recife, mas durou apenas 74 dias. Em 19 de maio de 1817, tropas reais enviadas por mar e por terra pelo governo do Rio de Janeiro ocuparam a capital pernambucana, desencadeando intensa repressão. Os principais líderes do movimento foram presos e sumariamente executado. Seguiram-se nove meses de prisões, julgamentos e execuções. Em 1820, com a eclosão da Revolução do Porto, alguns presos remanescentes foram anistiados. Entre eles estavam Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca e Antônio Carlos Ribeiro de Andrade- irmão de José Bonifácio de Andrade e Silva-, que logo seria eleito um dos representantes do Brasil nas Cortes de Lisboa.
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