Ocorrida no extremo sul do país, foi uma das mais importantes revoltas do período pelo fato de os rebeldes terem constituído e conservado por dez anos um Estado republicano. As condições para isso acontecer foram favoráveis: nessa região, o espírito republicano já estava consolidado entre amplos setores das elites e da população, devido á proximidade das repúblicas do prata (Uruguai, Paraguai e Argentina). Ao mesmo tempo, o preparo militar dos gaúchos, habituados ás lutas de fronteiras desde o período colonial, garantiu a sustentação do conflito durante anos.
Antes da guerra, os fazendeiros do Rio Grande do Sul (ou estanceiros) se dedicavam, entre outras atividades, á criação de gado e á produção de charque, carne seca conservada com sal. esse produto era consumido em todo o país, principalmente pelos escravos. Entretanto, em várias províncias, os senhores de terras e de escravos preferiam comprar charque proveniente da Argentina e do Uruguai, vendido a preço mais baixos.
A insatisfação das elites gaúchas atingiu o auge quando o presidente da província, Antônio Rodrigues Braga, nomeado pela Regência, fixou um imposto sobre as propriedades rurais. Como consequência, em setembro de 1835, o coronel farroupilha Bento Gonçalves e seus homens ocuparam Porto Alegre e depuseram Rodrigues Braga. No ano seguinte, proclamaram a República Rio-Grandense, com sede na cidade de Piratini.
Em outubro de 1836, Bento Gonçalves foi capturado por tropas da Regência e enviada para uma prisão na Bahia, de onde fugiria no ano seguinte com o auxílio de membros da maçonaria. Enquanto isso, a luta prosseguia no Rio Grande do Sul. De volta á província, Bento Gonçalves retornou a liderança do movimento, que contava agora com a participação do italiano Giuseppe Garibaldi, que se destacaria anos depois no processo de unificação da Itália. Em julho de 1839, os revoltosos ocuparam Laguna, em Santa Catarina, onde proclamaram a República Juliana, nome derivado do mês de julho.
No mês de novembro de 1842, chegava ao Rio Grande do Sul Luíz Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, nomeado presidente e comandante de armas da província. Combinando ações militares com medidas políticas, ele conseguiu encerrar a luta. Por proposta sua, por exemplo, os rebeldes foram anistiados e os oficiais do exército farroupilha integrados ao exército brasileiro, na mesma patente que ocupavam nas tropas rebeldes. Além disso, o governo central manteve um imposto, introduzido em 1840 para tentar apaziguar oa ânimos na província, de 25% sobre a importação do charque proviniente dos países do prata.
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