segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A INCONFIDÊNCIA MINEIRA

         A partir de 1750, a produção de metais preciosos diminuiu e os mineiros não conseguiram completar a cota mínima de 100 arrobas de ouro por ano, exigida como imposto pela Coroa portuguesa. O governo português preferia creditar a queda do rendimento á sonegação e ao contrabando.
         Em julho de 1788, chegou a Minas o novo governador, dom Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena, trazendo ordens expressas para lançar a derrama, cobrança forçada dos impostos atrasados, que somavam 538 arrobas de ouro. Barbacena também estva autorizado a investigar as reiteradas denúncias de corrupção dos funcionários e cobrar as dívidas dos contratadores de arrecadação de impostos.
          A  chegada do governador causou pânico em Minas Gerais. Nessas circunstâncias, um  grupo de intelectuais da elite local começou a se reunir em Vila Rica para planejar uma revolta contra o domínio português.
          Os  participantes desses encontros, eram fortemente influenciados pelos ideais iluminista e pelo modelo democrático estebelecido pela constituição norte-americana. Muitos deles haviam estudado na Europa, onde tinham entrado em contato com as obras de pensadores como Voltaire e Rousseau, que pregavam o fim do absolutismo.
          Nas reuniões, os revoltosos esboçaram algumas idéias do  que pretendiam fazer após a emancipação: proclamar a república; adotar uma bandeira, que teria como legenda a frase latina Libertas quae sera tamen ( liberdade, ainda que tardia); estimular o livre comércio e a instalação de fábricas; criar uma universidade em Vila Rica: e instituir um parlamento em São João del Rey, cidade escolhida para ser a capital.
           Um  tema polêmico dos encontros era a escravidão. Com alguns inconfidentes contra e outros a favor do fim do sistema escravista, o assunto ficou em suspenso.
           Os planos do grupo já estavam prontos e eles aguadavam apenas a decretação da derrama, prevista para fevereiro de 1789, para colocá-los em prática.
            Os  planos, no entando, não seguiram adiante. Os revoltosos foram delatados pelo português Joaquim Silvério dos Reis, também integrante do movimento, que era contratador e devia muito dinheiro á Coroa.
            Em  15 de março de 1789, porém, procurou o  governador e denunciou o movimento, em troca da anistia da dívida.
            Barbacena agiu com cautela. Primeiramente, suspendeu a derrama e enviou correspodência ao vice-rei, no Rio de Janeiro, informando-o dos fatos. Em seguida, incumbiu o próprio Silvério dos Reis de seguir os passos de Tiradentes, que no ínicio de maço havia ido á capital da colônia, sob o pretexto de verificar o resultado dos requerimento que tinha apresentado para realização de algumas obras hidráulicas.
            No   Rio de Janeiro, Tiradentes percebeu que estava sendo perseguido e tentou fugir. Não conseguiu e acabou preso em 10 de maio de 1789. Seguiram-se as prisões de Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e outros revoltosos em Minas Gerais. A maioria foi enviada para o Rio, mas Cláudio Manuel da Costa permaneceu em Vila Rica e apareceu morto em 4 de Julho.
            Tiradentes, preso na fortaleza da ilha das Cobras , em 18 de janeiro de 1790, admitiu a existência do movimento e assumiu sozinho a autoria de todo o plano.
             O  resultado do processo aberto contra os rebeldes foi a condenação de 34 pessoas, mas uma carta de clemência da rainha Maria I pouparia os réus da condenação á forca, mantendo somente a pena de morte de Tiradentes. Com isso, alguns rebeldes foram libertados e outros, degregados para a África: os padres cumpriram exílio em Portugal.
             Na   manhã de 21 de abril de 1792, numa cerimônia pública no Rio de Janeiro, marcada por discursos e aclamações á rainha, tiradentes foi executado. Em seguida, como ordenava a sentença e era costume da época, ele teve a cabeça cortada e o corpo, esquartejado.

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