FIM DA ESCRAVATURA NA ÁMERICA

  Na Colômbia e na Venezuela, a escravidão tinha acabado por um decreto do grande Simon Bolívar durante a guerra de independência. No Caribe ainda havia colônias européias. Lá, a repetição de uma rebelião como a do Haiti apavorava os proprietários. Além disso, havia as pressões liberais da própria metrópole contra a falta de liberdade individual. Por isso, gradualmente, aboliram o trabalho cativo.

  Por volta de 1820, o tráfico de escravo para os EUA e para as colônias européias ao norte da linha do equador já tinham terminado, com exceção de Cuba, que manteria até 1865. O Brasil só extinguiu o tráfico em 1850, com a lei Euzébio de Queiroz.

  Nas colônias inglesas, a escravidão foi extinta em 1838. Em Cuba, apenas em 1879. O Brasil ostenta o triste título de ter sido o último país do continente a acabar com o escravismo: somente em 1888, com a lei Área, o cativeiro foi suspenso!

EXPLORAÇÃO IMPERIALISTA E TRIBUTOS

  Uma das formas de exploração colonialista do imperialismo era muito simples: cobrança de impostos sobre os nativos. Um  observador das colônias da África, G. Gorer, explicou o que aconteceu a uma aldeia cujos nativos não quiseram pagar impostos ao governo colonial francês: " uma aldeia do sul do Sudão não pôde pagar os tributos. Mandaram para lá os soldados, que levaram as mulheres e crianças da aldeia, colocaram-nas num campo de concentração, queimaram suas casas, e avisaram aos homens que só teriam suas famílias de volta quando pagassem os tributos."

MONIER E OTIS

  O francês Monier descobriu em 1849 que colocar barras de ferro no interior do concreto ( cimento ) tornava-o muito mais forte. Estava inventado o concreto armado, que permitiu a construção de edifícios com muitos andares.

  Mas como chegar até o andar mais elevado do prédio? o norte americano Otis inventou em 1852 o elevador, o veículo aéreo mais seguro do mundo.. O uso do aço, do concreto armado e dos elevadores criou as cidades modernas, cheias de edifícios com muitos andares.

BESSEMER

   O metalúrgico inglês Bessemer descobriu em 1856 como fabricar aço de modo simples e barato. Ele acrescentava um jato de ar no ferro derretido no alto-forno. Com isso, obtinha a mistura exata de ferro e carvão ( proviniente do coque empregado como combustível ) que resultava na produção de aço..

  O aço é muito mais resistente do que o ferro, e com isso a indústria siderúrgica pôde avançar espetacularmente, assim como as ferrovias, os navios e as máquinas. 

O CASO DREYFUSS

  Quando o século XIX chegou ao fim, a opinião pública francesa debatia o célebre caso Dreyfuss, envolvendo um oficial do exército francês, Alfred Dreyfuss, acusado de traição. Não existia nenhuma prova consistente, mas o preconceito e a calúnia foram utilizados incansavelmente contra Dreyfuss, que era judeu. Depois do julgamente injusto, ele foi humilhado publicamente e condenado à prisão na Ilha do Diabo. Os socialistas, democratas radicais e intelectuais de esquerda como o escritor Emile Zola fizeram uma campanha em masssa a favor da revisão do processo, enquanto a direita exigia a punição. Até que se descobriu que o único documento utilizado contra o oficial francês era falso. Apanhado, o oficial falsificador confessou e suicidou-se. dreyfuss foi reabilitado. Mas tarde, documentos liberados pelo governo alemão comprovavam que os chefes traidores eram outros franceses, altos funcionários ligados a poderosos políticos e que jamais receberam castigo. O caso Dryfuss sacudiu a França e mostrou a importância de um novo fenômeno social : a opinião pública.

  Também sensibilizou o jornalista judeu Teodoro Herzi ( 1860 - 1904 ) que fundou o movimento sionista, que propunha que os judeus emigrassem para onde hoje está Israel e fundassem seu próprio Estado nacional. O sonho sionista os tornaria meio século depois, quando foi fundado o estado de Israel ( 1948).

ÓPIO

  O ópio é uma droga retirada de uma planta, a papoula. Deste vegetal também se extraem duas outras drogas pesadas, a heroína e a morfina ( que também pode ser usada como anestésico). Quando fumado, o ópio provoca sensações aparentimente maravilhosas. O sujeito parece estar no paraíso. O problema é que ele cai no sono se sentindo um rei e acorda se sentindo um animal rastejante. Depois que o efeito da droga passa, vem uma depressão terrível e a necessidade de uma nova dose. O vício realmente transforma o homem num animal rastejante.

  Os ingleses fabricavam o ópio na Birmânia e o vendiam na China. Lucros que davam sensações maravilhosas. Enquanto isso, milhares de seres humanos perdiam as forças físicas e morais, gastavam tudo que tinham para manter o vício, adoeciam, enlouqueciam.

SÉCULO XIX - OS DIREITOS FEMININOS

  Os socialistas e anarquistas defendiam a igualdade de direitos entre homens e mulheres e por isso eram acusados de serem contra a família, a moral e a religião cristã. Mas no século XIX, mulheres de classe alta e média em cidades como Paris e Londes também começaram a lutar por seus direitos. A começar, pelo direito de voto, reivindicado pelas suffragettes.

  Os jornais burgueses faziam troça e repetiam as piadas dos cavalheiros nos lapanares. Nem sempre tinha graça, porque a polícia prendia as manifestantes.

SÉCULO XIX - O SÉCULO DA FILOSOFIA ALEMÃ

  Kant - ( 1724 - 1804 ), autor da célebre Crítica da Razão Pura, que mostrou a importância da atividade do sujeito humano na produção do conhecimento. A partir dele, brotou o ramantismo filosófico de Fichte ( 1762 - 1814 ) e Schelling ( 1775 - 1854 ), interessado no papel do Eu como fundador da realidade. Outro gigante foi Hegel ( 1770 - 1831 ) que em A Fenomenologia do Espírito mostra como o sijeito humano constrói toda a realidade, que é basicamente histórica, a partir do trabalho e da reflexão racional.

  Karl Marx ( 1818 - 1883 ) foi um continuador da obra filosófica de Hegel. Nem todos os alemães eram hegelianos. Por exemplo, Schopenhauer ( 1788 - 1860 ) debochava do raciolanismo, exaltava a vontade cega e elogiava o pessímismo. Para ele, a única salvação estária na arte. Exaltando os impulsos criadores da vontade e desprezando os valores absolutos ( "ideais platônicos") da verdade, do bem e do belo, Nietzche ( 1844 - 1990 ) exerceu influência notável no século0 XX. A visão do conhecimento como história e interpretação foi dada por Dilthey ( 1833 - 1911 ).

  Outra corrente que muito influenciou o século XX foi a Fenomenologia de Husserl ( !859 - 1938 ) que tentou estudar a intencionalidade colocando entre parêntesses o sujeito ( ser pensante ) e objeto ( realidade ).

O CHACELER DE FERRO

   Otto Von Bismarck ( 1815 - 1898 ) nasceu no berço de ouro de uma antiga família de nobres latifundiários na Alemanha. Passou a infância no castelo de Schonhause  e nas fazendas do pai. Na universidade, era conhecido pela inteligência e disposição para briga: venceu nada menos do que 27 duelos de espada ! Ele foi sem dúvida o grande vulto da unificação alemã. Famoso pelo vigor e pela firmeza de suas posições - daí o apelido de Chanceler de Ferro - assim  resumiu sua visão da política: " Os grandes problemas de nossa época não se resolvem com discursos nem com votações de mocráticas, mas a ferro e sangue. a Alemanha não deposita esperanças no liberarismo da Prússia, e sim no seu armamento ".

GARIBALDI

  Giuseppe Garibaldi ( 1807 - 1882 ) descendia de uma família de marinheiros. Com apenas dez anos de idade, começou a trabalhar como grumete ( aprendiz ) em navios. Jovem ainda, participou das lutas nacionais na Italía junto com os seguindores do democrata Mazzini. Exilado na América do Sul não desistiu de lutar. Participou da Guerra dos Farrapos ( 1835 - 1845 ) no Brasil, a revolta do Rio Grande do Sul e Santa Catarina contra os excessos do poder centralizado de D. Pedro II. Foi no Brasil  que ele se apaixonou pela bela catarinense Anita.

  De volta à Itália, participaram da revolução de 1848. Anita era uma mulher ousada, que largou o marido brasileiro para viver a grande aventura de amor e liberdade nos dois continentes. Quando morreu, em 1849, já era uma heroína dos patriotas italianos. Para Garibaldi, o sofrimento do viúvo e o novo exílio. Até que retorno e em 1860, formou o exército de milhares de camponeses ( os camisas vermelhas ) na Sicília.

GREGOR MENDEL

  O monge e cientista austríaco Gregor Mendel ( 1822 - 1884 ) descobril as leis fundamental da Genética, ou seja, o modo como os seres vivos transmitem características para os descendentes. Por exemplo, Mendel conseguiu explicar como era possível que pais de olhos escuros tivessem um filho de olhos claros. Evidentimente, só as características genéticas é que são transmitidas.

  Mendel publicou seus trabalhos em 1865, mas só no começo do século XX é que os cientistas perceberam o alcance de suas descobertas. Hoje em dia, a Engenharia Genética tem vastas utilização na medicina e na economia.

LOUIS PASTEUR

  O químico e biólogo Louis Pasteur ( 1822-1895 ) descobril os micróbios, que são seres vivos muito pequenos ( só visto com microscópios ) . Por exemplo, Pasteur ferveu leite em temperaturas bem altas até que os micróbios estivessem mortos. Em seguida, guardou o leite em garrafas lacradas e constatou que ele não " estragava". Esse é o segredo do leite longa vida vendidos nos supermercados de hoje: sem micróbios, o leite não azeda.

  Pasteur também formulou ( 1862 ) a teoria dos germes ( micróbios ) como causadores das doenças. Uma descoberta fabulosa  que mudou a história da medicina. Muitas doenças inexplicáveis passaram a ser compreendidas. Por exemplos, a gripe, o sarampo, a tuberculose e a catapora são causadas por micróbios.

  Pasteur também percebeu que o organismo pode ser estimulado a criar sua próprias barreiras contra os ataques dos micróbios. Em 1885 ele inventou a vacina contra a hidrofobia ( raiva animal ). 

CHARLES DARWIN

  A Teoria da Evolução das Espécies foi elaborada pelo inglês Charles Darwin ( 1809-1882 ). Sua obra A origem das espécies ( 1859 ) provocou um verdadeiro terromoto na comunidade científica. Darwin reuniu provas de que não existem espécies fixas na natureza. Os seres vivos de hoje são descendentes de seres diferentes do passado. A natureza é um campo ativo de luta pela sobrevivência: alguns seres vivos conseguem sobreviver, e transmitir suas características para os descendentes, enquanto que os outros perecem.

  Outro livro fundamental de Darwin foi A origem do homem ( 1871 ), onde ele procurou mostrar que a história bíblica de Adão e Eva não deveria ser interpretada literalmente. O homem, como os outros animais, também tinham passado por um desenvolvimento evolutivo. Mas Darwin nunca disse que nós humanos descendemos de macacos. Macacos e homens possuem um ancestral em comum, só isso.

SOREL

  George Sorel ( 1847 - 1922 ) escreveu Sobre a Vilolência em que defendia a tese da ação direta e do direito que o povo teria de utilizar qualquer tipo de violência para se libertar.

  Baseado em suas idéias e nas de um russo chamado Netchahiev, anarquistas desesperados promoveram atentados terroristas contra burgueses, membros do governo e policiais. Acreditavam que cada bomba que fizesse voar em pedaços as carnes de uma autoridade, sacudiria o povo de seu acomodamento.

PROUDHON

  Joseph Proudhon ( 1809 - 1865 ) acreditata que o capitalismo iria acabar, pacificamente, quando os trabalhadores começassem a criar pequenas empresas cooperativas alternativas. Aos poucos, os trabalhadores abandonariam as grandes empresas e formariam uma sociedade com pequenos proprietátios e sem Estado. Ao mesmo tempo em que defendia o federalismo, isto é, a descentralização do poder, aceitava a existência do mercado e da concorrência, juntando " o que havia de bom no capitalismo com o socialismo ".

  Karl Marx o atacou no livro A Miséria da Filosofia, dizendo que Proudhon não percebia que a futura sociedade socialista não nasceria do fim das grandes empresas mas da apropriação das grandes empresas pelos trabalhadores.

MAIS-VALIA

  Para Karl Marx, o salário não paga o trabalho, mas a capacidade de trabalho. Por isso o patrão pode fazer o trabalhador produzir mais do que recebe. O que o operário produz além do valor do seu salário é a mais-valia.

  A mais-valia é o trabalho excedente, que não é pago. Para Marx, esta é a origem de todos os lucros da burguesia.

  Para Marx onde existe capitalismo existe exploração da força de trabalho. 

FONTES INTELECTUAIS DO MARXISMO

  O socialismo científico não brotou do nada na cabeça de Marx e Engels. Na verdade, os dois pensadores alemães são continuadores da tradição intelectual européia. Em primeiro lugar, do Iluminismo, que valorizou a racionalidade, o progresso e a idéia de que os homens são produto do meio, da educação. Porém Marx acrescentou que esse meio é também resultado do trabalho criativo dos homens. O educado é educador. Outra influência foi da filosofia clássica alemã, especialmente de Hegel e Feuerbach. Hegel mostrou que a realidade humana é histórica, portanto nada é definitivo. A dialética é um raciocínio que revela como as contradições e conflitos geram novas realidades.

  Feuerbach criticou a humanidade que se ilude por idéias criadas por ela própria.

  Marx estudou a economia política clássica inglesa, aprendeu com Adans Smit e David Ricardo, de cujas obras retirou sua teoria de que o valor das mercadorias determinado pelo trabalho socialmente necesssário para produzi-las. Finalmente, Marx e Engels partiram das reflexões realizadas pelos socialistas utópicos franceses e ingleses.

TELÉGRAFO

  O telégrafo era um aparelho que permitia enviar mensagens codificados por um fio elétrico. Foi inventado por Morse ( EUA, 1884 ). Já em 1886, a Europa e os EUA ficaram ligados pelo cabo submarino. No Brasil, o telégrafo foi instalado por Guilherme Schuch em 1852.

   Em 1874, o Brasil também já conectava um cabo telegráfico ( deitado no fundo oceano) com a Europa e assim notícias que antes demoravam mais de um mês, agora chegavam depois de alguns segundos! A velocidade vertiginosa, eis aí uma das maiores caracteristicas da modernidade.

  Graças ao telégrafo, os capitalistas europeus puderam avaliar imediatamente o valor das safras produzidas na América do Sul. Informação mais rápida, lucros maiores. O norte-americano foi o primeiro a comercializar o telefone, em 1876. Uma década depois, o Brasil já tinha instalado os primeiros aparelhos. Que conectavam os prédios públicos principais e as casas da elite econômica.  

BRASIL IMPERIAL - NÃO SÓ CAFÉ

  A exportação de açúcar sofria a concorrência de Cuba e de Porto Rico, colônias espanholas na América Central. Desde 1830 que os europeus produziam muito açúcar de beterraba, e por isso compravam menos do Brasil. No Brasil, por volta de 1870, surgiram os engenhos centrais, que recebiam a cana dos engenhos tradicionais ( banguês ). Mais tarde, apareceram as usinas, inclusive com máquinas a vapor. Desde o tempo da colonização que parte do açúcar era vendido para o mercado interno. Essa tendência se acentuou no século XIX.

  O algodão, prodizido no Nordeste, foi mais exportado no período da Guerra Civil Americana ( 1861-1865 ), que prejudicou a produção daquele país. Mas a guerrra acabou, e os ingleses voltaram a comprar dos EUA e, também, da  Índia e do Egito. No final do século XIX, havia outro motivo para o Brasil exportar menos - e um motivo razoável: estava se desenvolvenso as primeiras fábricas de tecidos nacionais.

  A borrracha, extraída pelos seringueiros da Amazônia, começou a se tornar destaque na pauta de exportações. No período de 1871 a 1880, esse produto já repreesentava 5,5% do total e, na década seguinte, subiria para 8,0%.

IMPÉRIO - EDUCAÇÃO DAS ELITES

    O historiador José Murilo de Carvalho mostrou a importância dos membros da elite terem feito curso superior. Naquela época, eram raros os que faziam faculdade no Brasil ( só 0,01% da população. Cerca de 80% eram analfabetos ).

  Muitos da elite se formaram em direito, nas duas únicas faculdades: em São Paulo ou Recife. Portanto, quase todos tinham sido colegas. O estudo em conjunto, as conversas, a visão do Brasil, tudo era aprendido na vida universitária em comum. Parte importante dessa elite política seria constituída por magistrados ( advogados do governo, juízes, desembargadores), o que aumentava mais ainda a oportunidade de pensarem da mesma maneira. Tudo isso facilitou o entendimento nacional entre os diversos grupos da classe dominante no Brasil imperial.